domingo, 24 de junho de 2007

O REINO DOS CALOTES

Aqui há uns anos, não muitos, a honestidade das pessoas era medida, essencialmente pela capacidade de honrar os seus compromissos.
Havia um enorme esforço por não deixar manchar o seu nome na praça, pois, para além de isso ser uma nódoa no seu carácter, era também impeditivo de obter crédito, por parte dos amigos, familiares ou até na mercearia.

Entramos na era do desenvolvimento, as pessoas começaram a ser incentivadas ao consumo pelas grandes marcas que de bens quer de serviços, entrando pela porta dentro – sobretudo via televisão – a oferecer mundos e fundos, mesmo a quem não tivesse onde cair morto, nem dinheiro para fazer cantar um cego.

Bastava existir e podia ter acesso a todo o tipo de bens, era a democratização total da economia de um dia para o outro. As pessoas começaram a ouvir grandes empresários gritar aos sete ventos, que sem dívidas o mundo não avança, lembro-me de ser dado como exemplo do absurdo, câmaras municipais e juntas de freguesia que chegavam ao fim do seu mandato com dinheiro em caixa.

De repente, quem não tivesse contraído um empréstimo, quem não estivesse endividado até às orelhas era um artolas, era alguém que não é deste tempo.

O que é isso de esperar por ter dinheiro para comprar aquele carro de que tanto se gosta, as férias pois então? Só daqui por cinco anos é que conto ter dinheiro? Compro já, porque vou já usufruindo dele, recorrendo obviamente a um empréstimo.
Ao fim de dois ou três empréstimos deste género, os portugueses passaram a sofrer as consequências, e anda tudo maluco, porque, começaram por perder o bem precioso que, esse sim, será o único que justifica o empréstimo – a casa – para a seguir os tribunais, a mando das tais empresas e Bancos que prometeram mundos e fundos na publicidade, chegarem à humilhante situação de reterem salários directamente no emprego….

Esta é a situação a que se chegou em termos das pessoas e famílias, o que eu não entendo é porque ainda não se passa o mesmo, ou quanto tempo vai demorar a acontecer o mesmo às Câmaras Municipais (toda a gente diz com a maior tranquilidade que a de Lisboa tem uma dívida de mais de 500 milhões de euros, como se de tostões se tratasse, os clubes profissionais de futebol, outros 500 milhões de euros de dívidas e por aí fora.

Está instituído o REINO DOS CALOTES!

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