quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

O fim da Governação, o início da campanha

Dois anos e meio passados sobre o início do mandato de José Sócrates no governo, algumas qualidades os portugueses já viram que ele não tem, relativamente ao que parecia no tempo da campanha.

Refiro-me sobretudo ao esquecimento, ao passar por cima, de promessas eleitorais.
Portanto, a ideia de que é um bocado mentiroso, enfim, os portugueses, apesar de relativamente desiludidos, não o ficaram totalmente, porque ao fim e ao cabo nunca se iludiram muito, já que, na sabedoria popular todos sabemos que com essa gente, é preciso ficar sempre de pé atrás.

Mais bronca menos bronca, mais curso menos independente, mais impostos, menos emprego, o homem lá conseguiu até hoje, manter a popularidade em níveis nunca vistos, ao fim de tanto tempo de governação.

E de onde vem tal popularidade?

Em minha opinião, a manutenção da popularidade manteve-se, por um lado, devido à fraquíssima e desacreditada oposição, sobretudo da parte do partido da chamada “área da governação”, e por outro, porque no fundo todos percebemos que este governo mexeu onde há muitos anos ninguém mexia e estava a levar a cabo reformas necessárias em várias áreas do Estado.

Porém, ontem assistimos a um momento histórico e decisivo no mandato de José Sócrates, que vai fazer com mais nada seja como dantes, daqui para a frente: José Sócrates não conseguiu manter o seu Ministro na governação Nacional da saúde, e cedeu à pressão de meia dúzia de Vilas deste País, demitindo aquele que, durante 30 meses ele próprio nos convenceu ser, e pelos vistos era reconhecido até pela oposição, uma das personalidades mais habilitadas para o cargo neste País.

A partir de hoje, o eleitorado ficou a saber que, afinal, a força do Sócrates não foi suficiente para resistir às obrigações eleitoralistas que se avizinham, logo também neste aspecto, é como os outros: a partir desta altura do mandato, começa a preocupar-se mais com as eleições do que com a prossecução dos objectivos que tinha delineado.

E o país, mais uma vez, ficará com algumas reformas fundamentais adiadas…como se fosse possível, fazer um intervalo na vida do País para os Senhores políticos de entreterem a jogar às campanhas….como fez o Paulo Portas e o Meneses na reacção a estas demissões. No caso do Portas, segundo ele, deviam ter saído não dois, mas seis ministros….haja paciência para aturar esta malta!

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Jamais!

Desde pequeno que ouço dizer “só os burros é que não mudam”, mas, depois de tomar conhecimento da decisão tomada hoje pelo Governo, sobre a localização do novo Aeroporto, interrogo-me se esse ditado não deveria ter um complemento ou uma limitação qualquer.

Efectivamente, errar é humano, mas:

- Prometer em campanha que se baixam os impostos, chegar ao governo subir os mesmos;

- Prometer em campanha que vai criar 150.000 postos de trabalho, e o desemprego sobe a olhos vistos de dia para dia;

- Prometer em campanha que se fará um referendo sobre o Tratado europeu, e mal chega a altura de confirmar, diz que não o fará porque “agravaria os riscos de o Tratado nunca entrar em vigor”;

e agora, depois de milhões e milhões gastos em estudos, se ter dito claramente que o aeroporto ia para a Ota, inclusive a famosa frase: Alcochete – jamais – o aeroporto acaba justamente por ir para a Alcochete, pergunto-me se não será inversão a mais e se tanta mudança de posição será uma sinal de inteligência, ou se, pelo contrário não irá contribuir para o total descrédito de quem tanto vacila.