domingo, 21 de setembro de 2008

CARIDADE COM ESPECULADORES BOLSISTAS

Mal o comunismo ruiu, aquele contra o qual tinha lutado toda a sua vida, João Paulo II começou a gritar que o grande inimigo da dignidade humana, que crescia a olhos vistos, era o capitalismo selvagem.

O que diria João Paulo II se fosse vivo e assistisse ao que se passou esta semana na América e no mundo da alta finança?

De repente, aqueles que do Estado apenas queriam distância e sempre o chutaram para longe das suas contas, colocando-as em locais tão angelicamente chamados de Paraísos Fiscais, porque os lucros das suas actividades não devem ser repartidas com a sociedade, porque a inteligência dos gestores, dos gurus, dos “Antónios Borges” da vida não é para ser posta ao serviço da sociedade.

De repente, os engravatados licenciados, pós-graduados em Harvard, os crânios da alta finança, os aldrabões que por fazerem bem o jogo sujo da especulação pela especulação, recebiam milhões de dólares de prémio, de repente tudo começa a ruir e a única hipótese de salvação do sistema reside, veja-se bem, no Estado, tendo o Governo Bush intervindo com injecções de triliões de capital, para salvar os especuladores.

Temos, então, que o Estado que até aqui era chutado pela alta finança, o Estado que amealhou graças ao cidadãos e empresas que honestamente colocaram na mão do Estado os impostos, vêm o Estado ir em socorro dos charlatães, dos especuladores, numa palavra, dos malandros que do dinheiro apenas conhecem uma face: a do ganho fácil.

Temos então, que, num País onde a solidariedade social praticamente não existe, o Estado tem uma atitude de auxílio, de caridade, de protecção….dos especuladores!

Faz-me lembrar aquelas casas em que o marido estoira o dinheiro todo que lhe é destinado, do orçamento familiar, na jogatina e, não satisfeito, vem a casa à gaveta, buscar dinheiro que estava destinado à mercearia para comprar a comida das crianças…

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

SARA PALIN, ou a hipocrisia na política

Até há uns em Portugal, era muito usual as senhoras mais abastadas da sociedade, proclamarem e manifestar-se contra essa vergonha e atentado aos bons costumes, que era o Aborto.

Pois, também era usual ver-se essas mesmas senhoras, passarem a fronteira e fazerem elas próprias ou as suas filhas, os ditos abortos, logo à saída da fronteira, e, quando entravam, lá voltavam elas ao seu puritano discurso, e de mantinha na cabeça, lá iam elas bater com a mão no peito e rezar para que Deus iluminasse essas pecadoras que faziam aborto.

Felizmente Portugal evoluiu, Portugal é um País europeu e, hoje, o assunto está resolvido e saiu da agenda política e mediática.

Ora, nos USA, cá estamos nós com mais um caso idêntico ao das senhoras puritanas, sendo que agora, a senhora é nada mais nada menos do que a candidata a Vice—Presidente americana, pelos republicanos, sendo que a sua imagem de marca, é exactamente a da mantinha na cabeça a gritar contra as relações sexuais antes do casamento, dando a sua família como exemplo da harmonia e respeito dos preceitos mais puros nessa área.

O problema é que, a sua filha, nem mais, de 17 anos, solteira, está grávida.

Se fosse cá, dificilmente o assunto teria importância, porque vida familiar, assuntos de moral não são chamados para política, mas lá tem e eu acho muito bem que tenha, porque o puritanismo é uma das bandeiras que ela apresenta ao eleitorado, logo, tem que ser coerente.

De cada vez que veja estas cenas, gosto mais de ser europeu.