terça-feira, 17 de novembro de 2009

“Se correr tudo bem, o desemprego vai aumentar”

Nunca mais esqueço a famosa frase do também famoso economista do Porto “se tudo correr bem, o desemprego vai aumentar” ou qualquer coisa neste género, frase fria, mas que na altura, todos acharam que sim, é preciso limpar o tecido empresarial – diziam os ilustres letrados.

Pois é, a coisa deve estar a correr muito bem, pelo menos avaliar pela taxa de desemprego.

Que uns professores universitários, que vivem de pareceres para grandes empresas, regra geral monopolistas na sua área e muitas vezes ligadas ao Estado, dumas aulas ou palestras em universidades também elas maioritariamente públicas, que esses teóricos se possam dar ao luxo de fazer afirmações sonantes, compreende-se, não lhe sai do bolso e o seu está sempre garantido.

Já não se compreende que gestores bancários que lidam diariamente com empresas, lhes vão chupando as parcas margens, enquanto o negócio vai de vento em popa e lhes viram imediatamente as costas, mal a coisa começa a tremer, como está a contecer.

Os bancos neste país, têm uma enorme responsabilidade na quantidade de gente que vai parar ao desemprego. Quando se fala de uma empresa têxtil do norte que vai fechar, 90% dos intelectuais e economistas da praça gritam “já devia ter fechado”, na senda da famosa frase de Daniel Bessa.

Pois é, o têxtil e o calçado dão emprego barato, é verdade, mas as caixas dos hipermercados também dão, e eu só vejo apoios às grandes superfícies, quantas vezes, elas também, responsáveis pelo encerramento de empresas portuguesas, ao colocarem no mercado nacional produtos maioritariamente importados.


Afim de salvar empresas em dificuldades, existe a Lei das Insolvências, que, levada a sério, serve para reestruturar empresas, sendo que o Estado apoia, desde que haja plano “com pernas para andar” e salvar não todos, mas alguns postos de trabalho.

Ora, isto é o que diz a Lei e bem, mas na prática, mal uma Empresa se apresenta ao Tribunal e pede a declaração de insolvência, imediatamente os bancos fogem dela,como o diabo da cruz, selam contas, suspendem factorings, “marimbando-se” para planos e mais planos.

E não me refiro a financiar empresas sem viabilidade, nem o Estado nem a banca, refiro-me à normal gestão do dia-a-dia: que o mercado corte o crédito a uma empresa nessas condições, é normal, até ela se recompor, agora a banca recusar-se a fazer, por exemplo, um simples factoring de mercadoria já entregue a empresas sólidas, só porque o cliente ficou insolvente?

No fundo, entre a vontade dos legisladores e a realidade do dia a dia, vai uma enorme distância, até parece que tudo está feito para que a malta deixe toda de trabalhar e fique a viver à sombra da bananeira do Estado…se correr tudo bem!

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