sábado, 10 de novembro de 2007

Non sense politics – a 4ª. via

Durante os últimos anos, vamos dizer, finais dos anos 90 e princípios do séc. XXI, assistimos a uma onda de políticos e governos cujas políticas assentavam no diálogo, na boa imagem, na tolerância, naquele meio termo que nem é pau nem é pedra, a chamada 3ª. Via, personalizada no ex-primeiro ministro britânico Tony Blair, no alemão Schroder e até no rei do diálogo português, António Guterres.

De repente, e nos últimos tempos, tornou-se moda a política do vai ou racha, a política da exigência, do rigor, da autoridade do estado, numa palavra, o Povo parece que quer é que o metam na linha. Isto de falinhas mansas, de contemporizações, de conciliação não dá nada – ouvimos nós durante os últimos anos - basta ver a que ponto chegamos no défice público! – dizem os entendidos em défices, tudo por causa do rei da conciliação Guterres, vai daí o que o Povo quer é cacetada, cinto apertado contas em ordem.

Enquanto a coisa fica por aqui, tudo bem, o problema é que começamos a achar que o corte nos orçamentos já é pouco e então, acha-se piada a algo mais interventor, mais ousado, os políticos têm que ter verdadeiramente pulso na situação e surgem então os políticos do espectáculo.

Já tínhamos nós o Alberto J. Jardim, esse pioneiro da política espectáculo, mas agora, a coisa está a ser levada mais a sério e de uma forma mais profissional, sendo que um dos pontos altos mais recentes dessa evolução, é, no caso da Esquerda mais extremista – o inimitável Chavez da Venezuela, que se dá ao luxo de responder a perguntas de jornalistas, em conferências de imprensa, cantando.

Do outro lado do espectro político, mas sempre na linha da política espectáculo, temos o inovador, o rei da política-espectáculo: o Sr Sarkozy, presidente da França, qual Super-Homem, a repentinamente meter-se num avião para ir resgatar pessoas, que, pelos vistos a propósito de um sórdido caso de sequestro de crianças no Tchade, estavam presas a aguardar julgamento, pelos crimes relativos a sequestro de 100 crianças levado a cabo por uma suposta ONG francesa, passando por cima de tudo o que é protocolo, respeito pela separação dos poderes e respeito pela soberania dos estados.

Portanto, meus amigos preparem-se, porque os próximos tempos trarão, possivelmente, espectáculos e concertos de fados e guitarradas, no hemiciclo de São Bento, shows de box ou até, quem sabe, cenas de teatro de revista, do tipo peixeirada, entre o vice-candidato-derrotado-a ex-futuro-líder do partido da oposição e o Governo, seguidos dos respectivos aplausos da plateia e comentários da crítica especializada, com flash interview e tudo.

Chegamos ao tempo da non sense politics, talvez a 4ª. Via tenha chegado.

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